"I have always depended upon the kindness of strangers"


Da vida como viagem. Como se de uma viagem de comboio se tratasse, que bom seria termos de antemão o bilhete com a indicação das paragens. Assim, poderíamos evitar algumas saídas e transbordos mais atribulados, transgredir quiçá e sair noutras estações, percorrendo caminhos distintos que não figuravam no itinerário inicial. “O segredo será mesmo a alma do negócio?” Ao longo da vida, somos bombardeados com estas máximas definitivas que têm a pretensão de concentrar em si toda a verdade do mundo. Da verdade, só conhecemos metade ou nem isso sequer. Resquícios de uma verdade que forjamos, que queremos e cremos que seja a nossa bússola, o nosso norte. Numa viagem despojada de certezas, plena de trilhos insondáveis. Melhor será então deixar o comboio seguir o seu rumo indecifrável e esperarmos pelas surpresas que este louco maquinista nos reserva. Este tempo, de tão cinzento, infiltra-se nos poros numa melancolia irremediável. E esta chuva eterna que não cessa...

Comentários

JL disse…
Lindíssimo. Aqui se prova como é possível escrever poesia em prosa. Gostei. E faz-nos pensar.
Anónimo disse…
Primeira vez que visito este blog e prometo novas visitas.
Muito harmonioso e com excelente escrita.

Já agora apesar do itinerário ser desconhecido e imprevisto, não deixo de querer ser o maquinista da minha carruagem.

Desta forma quando descarrilar saberei porquê e, com a ajuda de alguém, conseguirei retomar o meu percurso, sabendo que, daí para a frente, será mais difícil descarrilar da mesma forma.

Mensagens populares