Silly world
Antes de mais, é tarefa árdua sugerir uma análise crítica quando nos encontramos, também nós, os supostos críticos e questionáveis pensadores da modernidade, dentro dessa imensa nação em que se converteu o Facebook.
Um dado é certo:se Freud regressasse à era contemporânea, iria encontrar uma sociedade com elevados - senão mesmo doentios - níveis de narcisismo, numa verdadeira vertigem de auto-deslumbramento. Mais importante do que a palavra, a reflexão, o primado do pensamento, ainda e sempre a imagem, o parecer em detrimento do ser. Este poderia ser palco de discussões profícuas, da democracia e da democratização, da liberdade de expressão e do pensamento livre. Mas a "selfie" da praxe afigura-se sempre mais tentadora do que a Faixa de Gaza.
O Facebook veio roubar tempo à leitura, à palavra escrita, à análise detalhada. Tudo se tornou demasiado etéreo, demasiado vazio, demasiado irrelevante.
Ainda que seja pelas melhores e mais meritórias causas, atropelam-se baldes com gelo que caem sobre corpos que gritam e o mundo global assiste ao espectáculo de uma estranha democratização. Não sei se é reflexo da "silly season" ou de um mundo cada vez mais imbecil e acrítico.
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