Do humor com amor

Talvez seja o riso a única forma de lidar com o absurdo da existência e com a consciência da própria finitude do ser humano.Muita tinta já correu sobre este tema e tão certo como dois lados de uma medalha, o humor e a dor andam sempre enleados. Inseparáveis na sua razão de ser.

Sempre procurei o humor, o riso desenfreado, a gargalhada medonha como um antídoto contra a adversidade ou mesmo como um remédio que deve ser administrado com zelo e minúcia, sem descurar a dosagem adequada.Nas fases menos solares, foi o mais eficaz dos medicamentos, um instrumento decisivo para combater a tristeza ou a melancolia. Respondendo com gargalhadas às lágrimas que queriam soltar-se.

O que mais me fascina no humor é o encanto do inesperado, uma associação de ideias inusitada, um jogo de palavras ou de imagens genial que despertam aquela convulsão verdadeiramente orgásmica do riso.

Seinfeld estará sempre no Olimpo da comédia. O quotidiano era a sua matéria-prima primordial e a total universalidade dos seus temas faziam daquela sucessão de episódios um delicioso vício. Porque tal como o chocolate, o riso é completamente viciante. Uma vez lá dentro, fica-se refém e sedento de nova dose.

O humor britânico, que teve na genialidade fulgurante de Monty Python, o seu expoente máximo, prima pela aguda autoironia e pela caricaturização de referências culturais, políticas e ideológicas do mundo ocidental. Porque não poderá haver humor sem formação e sem informação.

Porque não há humor sem dor, porque não há riso sem lágrima, há que procurar os "comic relieves" desta vida com a voracidade com que se degusta o mais irresistível dos chocolates!

Comentários

vanda disse…
Foi através do humor que conseguiu sobreviver, do riso fácil, da gargalhada alta. Tinha que ser assim, ou todos conheceriam o quanto lhe doía o corpo que sempre foi muito menos que a alma.
Funcionou, acredita, funcionou durante anos, ela ria, ela ajudava, desembaraçada como ela só, tudo o que fizesse esquecer aquele canto, bastava, mas, e há sempre um mas, ele estava lá...
E devagar o riso foi-se tornando menos frequente, a gargalhada esforçada, já nem dançava, o monstro tinha saído do canto e ela não sabia como lidar com ele, ficou tão doente que nem da cama saia, viesse quem viesse nada a tirava daquela letargia em que tinha mergulhado, demorou tanto a respirar, o cansaço era tal, que quando abriu um olho, a filha já não era criança, os amigos tinham mudado, os móveis já nem estavam no mesmo sitio e o susto foi tão grande que deu um salto e devagar começou a arrumar a casa, com ajuda, mas começou, com as pessoas necessárias e não mais para respirar cada vez melhor, cresceu, já ri, já dá aquela gargalhada característica tão dela, principalmente, já dança, mas pelos verdadeiros motivos, não mascara nenhuma dor, se lhe apetece chorar, as lágrimas brotam-lhe nos olhos, e com eles também sorri, mas sempre pelo motivo certo, ninguém lhe devolverá os 14 anos que perdeu, mas está viva e o sangue corre-lhe nas veias.

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