Meretrizes e vinho verde

Como se já não bastasse o crescendo alarmante do populismo por essa Europa fora - tendência à qual Portugal tem escapado olimpicamente - o Presidente do Eurogrupo, com as suas declarações ofensivas, vem cavar um fosso ainda mais denso entre os do Norte e os do Sul.
Se este tão tristemente eloquente senhor soubesse o que significa viver no Sul (por vezes (sobre)viver no Sul), trabalhar como cães e ganhar uma miséria, não fazer grandes planos e projectos grandiosos e viver um dia de cada vez, teria mais tento na língua xenófoba.
Os orçamentos podem ser magros, mas sabemos aproveitar o que a vida nos  concede. O sol, a partilha, a gastronomia, um bom vinho, uma paisagem que nos inspira, uma luz ímpar.
Mas isso decerto não fará de nós, os do Sul, uns badamecos sem rei nem roque que vivem sob a égide dos exemplares modelos do Norte.
As declarações deste senhor dizem muito de um pensamento pequenino, avesso a uma noção unitária de Europa que só nos prejudica. Aos virtuosos do Norte e aos lambões do Sul.

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